Na mídia
14 de junho de 2018
DEBATE CONSTRUTIVO
Marcelo Terra é reconhecidamente um dos advogados mais notáveis do País, atuando há décadas na área imobiliária. No bate-papo com o presidente do IBRADIM, Olivar Vitale, ele conta um pouco de sua experiência, vida e como visualiza o futuro do direito imobiliário no Brasil. Leia a seguir.
Olivar: Marcelo, reza a lenda que você começou a trabalhar com direito imobiliário antes mesmo do seu primeiro dia como aluno na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP). Como foi isso?
MT: A lenda é verdadeira. Nasci e morei em Santos até os 18 anos. Quando publicado o resultado do vestibular (então CESCEA), meu tio Nívio (Nívio Terra, renomado advogado de direito imobiliário, hoje não mais em atividade) foi a Santos, em meados de janeiro de 1974, para me convidar para o estágio, que se iniciaria em 4 de março, primeiro dia letivo.
Condição para o estágio: ser um excelente datilógrafo até lá. Ganhei de presente pelo ingresso no Largo de São Francisco o livro Direito Financeiro, de Aliomar Baleeiro. Inscrevi-me no curso de datilografia (durante um mês, duas ou três horas diárias, mais o treino na máquina Olivetti de minha mãe Eunice). No domingo 3 de março, mudei-me para São Paulo. Na manhã seguinte, fui da ACM (onde morei os cinco anos do curso) na rua Nestor Pestana, 147, conhecer o local do escritório, na rua Conselheiro Crispiniano, 29, esquina da rua Sete de Abril. Ao fim da tarde, atravessei o Viaduto do Chá, em direção ao Largo de São Francisco. Enfim, iniciei o estágio e depois os estudos acadêmicos.
Olivar: Durante anos o escritório em que você trabalhou (fundado pelo seu tio Nívio Terra) atuava exclusivamente para uma empresa só. Foi por sugestão sua que isso mudou? Explique essa história, contextualizando.
MT: Fundado em 1964 por Nívio Terra, em 1974 eram dois os sócios, Nívio e Flávio Abrahão Nacle e duas advogadas, Sônia Maria Gróba e Célia Maria Fontão Caixeta, meus primeiros mentores.
Célia já estava de saída para ingressar no jurídico interno da Gomes de Almeida Fernandes, (GAF), então uma das maiores incorporadoras e construtoras do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, e com escritório em São Paulo desde 1964.
Nesse ano, Raul Leite Luna foi o encarregado de instalar o escritório paulistano da GAF e conheceu Nívio, nascendo aí uma profunda amizade e um forte relacionamento empresarial.
Nívio fundou seu escritório com o objetivo de assessoria jurídica empresarial. Em 1974, a GAF era uma grande cliente, mas não a única, compondo uma carteira de várias outras empresas nos mais variados segmentos da indústria, do comércio e da prestação de serviços.
No começo dos anos 1980, várias empresas se formaram da experiência acumulada por seus engenheiros, que iniciaram sua própria atividade empresarial e que naturalmente procuraram Nívio para ser seu assessor jurídico.
Ao tempo do estágio, minha atuação era um misto de contencioso e de contratual, com mais intensidade no contencioso imobiliário.
O grande incremento de atuação no segmento da indústria do empreendimento imobiliário se deu a partir de 1982 e 1983, com a retomada da indústria, após uma crise extremamente profunda.
Olivar: Você nunca foi estagiário ou advogado em qualquer outro escritório senão o do seu primeiro estágio ou o seu próprio. Como você deixou de ser advogado contratado do seu primeiro escritório e se tornou sócio? Você nunca cogitou ser o sócio de direito imobiliário de um escritório grande, full service, com atuação em todo o País? Por quê?
MT: Realmente, em 44 anos de trabalho tive um único emprego, o atual. Em dezembro de 1978, ao fim do curso de bacharelado, Nívio me convidou para permanecer no escritório como sócio e, a partir de janeiro de 1979, me tornei sócio com a participação de 1% do resultado líquido do mês, sem qualquer remuneração garantida, à semelhança do que se praticava, em outros percentuais, com Nívio, Flávio, Sônia e Estela Malagossi, que ingressara já como advogada em abril ou maio de 1974.
Considerando a intensidade do estágio, eu praticamente já advogava desde o começo do quarto ano do curso (1977), quando “ganhei” meu primeiro estagiário, Lúcio Maia.
Nunca cogitei sair do escritório e de lá migrar para outro de grande porte, ou full service, como nominado na pergunta. Na ocasião, o grande escritório era, como é ainda hoje, o Pinheiro Neto.
Nunca procurei e jamais fui contatado.
A bem da verdade, o hoje chamado “direito empresarial imobiliário” era praticado por escritórios boutiques (Nelson Koyranski, Biasi Ruggiero, Walter Ceneviva, Luiz Arthur Caselli Guimarães, dentre outros).
Sempre fui feliz em todas minhas fases profissionais. Se não fosse advogado, como me tornei, sonharia pela carreira da magistratura e da academia.
Olivar: O mercado imobiliário brasileiro foi, durante anos, incipiente. A partir do ano 2000 até o começo da última crise, isso mudou substancialmente. A que fatores você imputa essa mudança? Como isso mudou a atuação do advogado especializado no mercado imobiliário?
MT: Na verdade, são ciclos de crescimento. De 1969 a 1975, uma grande fase.
De 1982 a 1985, uma retomada. Em 1986 (de 28 de fevereiro, data do Plano Cruzado 1, a 30 de novembro, data do Plano Cruzado 2), uma grande explosão. Nesse período, tenho na memória que assessoramos várias empresas na aquisição de 41 terrenos para futuras incorporações. Uma máquina de fazer minutas e fechar contratos, sem auxílio da informática, mas com as insubstituíveis ferramentas da tesoura, da cola, do durex e da xerox.
"Advogado é advogado
24 horas por dia,
incluindo sábados,
domingos e feriados"
Outra retomada com o Plano Real no primeiro semestre de 1994.
E, finalmente, os primeiros oito anos da década de 2000, com a abertura de capital de várias empresas.
Qual a grande mudança? Em meu sentir, a forma de relacionamento entre advogado e cliente. Antes, uma grande cumplicidade. Hoje, uma relação mais fria, mais distante, via de regra, principalmente nas médias e grandes empresas. Antes, empresas de “dono”. Hoje, grandes corporações. Antes, um grande amor do empresário pelo negócio por ele fundado. Hoje, uma grande profissionalização e um grande amor pela gestão e não pelo negócio em si. Antes, tomada de decisão de risco pelo próprio dono. Hoje, por um executivo.
Obviamente, em todas as diferentes épocas, havia empresário de um e de outro tipo.
Olivar: Outra lenda a seu respeito diz que você jamais para de pensar em mercado imobiliário. Se não está advogando, está lendo a respeito ou viajando com pessoas do mercado para eventos de empreendedorismo imobiliário. Isso procede? Não tem hobbies?
MT: É verdade. Mais uma dentre tantas lições legadas por tio Nívio: advogado é advogado 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. O código é livro de cabeceira. Maçante e cansativo? Não para quem gosta e ama o que faz. Trabalhar com o direito não cansa. Tenho, sim, dois grandes hobbies: família e trabalho. Caminhamos, Léa (esposa de Marcelo) e eu, muito pela cidade, pela praia, vendo os detalhes da cidade em que moramos e que visitamos. Hoje, há um terceiro e querido hobby: curtir os três netinhos, Vítor (4 anos) e Helena (2 anos), filhos de Guilherme (filho mais velho de Marcelo) e Priscila, e Júlia (1 ano), filha de Eduardo (filho mais novo de Marcelo) e Vanessa.
De 2007 para cá, iniciamos uma nova fase de viagens de lazer, que é a Missão Empresarial Fiabci (Federação Internacional Imobiliária), aproveitando o congresso mundial (em maio) com algumas esticadas e visitas técnicas a vários empreendimentos, aprendendo um pouco da cultura e dos hábitos locais.
Quase a totalidade dos participantes é vinculada, de alguma forma, ao mercado imobiliário. Mas o que verdadeiramente cultivamos nessas viagens é a amizade. Aliás, o Secovi-SP e a Fiabci, capítulo brasileiro, são fontes inesgotáveis de amizade.
Olivar: Como é a sua relação com clientes estrangeiros, novos operadores do mercado imobiliário nacional, cada vez mais presentes no País?
MT: Muito interessante esse aprendizado com os clientes estrangeiros vindos com outros hábitos e culturas e modo de fazer negócios. O estrangeiro, habitualmente, faz a pergunta “e se?”, uma resposta gerando novas indagações. O enorme desafio de transmitir ao não nacional nossas peculiaridades e nossas dificuldades é um grande e complexo obstáculo a ser vencido diariamente.
Olivar: Temas relevantes e delicados. Primeiro: o Ministério Público e sua atuação no País, com foco no mercado imobiliário. Qual a sua opinião a respeito?
MT: Digo sempre que a função institucional do Ministério Público é fundamental para todos nós. Mas como em todas as outras áreas, há desvios e exageros. Talvez ainda vivamos, sem uma percepção muito clara, um momento de transição pendular. O Ministério Público muito se engrandeceria se abrisse suas portas para a sociedade, no sentido de uma interlocução necessária e indispensável, até mesmo para bem compreender os fatos em sua inteireza e completude. Para bem conhecer as dificuldades do dia a dia, das consequências práticas das teses nascidas em gabinete.
Embora não reconheça publicamente, o promotor é tão parcial quanto um advogado, pois defende a tese de seu cliente, individual ou coletivo, difuso ou homogêneo. Há, porém, uma grande diferença. Tem o poder de causar estragos e de gerar um temor reverencial nefasto.
A sociedade brasileira ainda precisa encontrar um sistema de pesos e contrapesos adequado. O diálogo institucional é o caminho para isso.
Olivar: Segundo: Registro de Imóveis. Para muitos, reserva de mercado. Para outros, ente regulador, centralizador e fundamental ao mercado imobiliário. Você está de que lado?
MT: Defendo com veemência o sistema atual. Trabalhando, como disse antes, há 44 anos na advocacia imobiliária, frequento os Registros desde então e sou testemunha viva da profunda transformação ocorrida nesse período, seja na qualidade da prestação de serviços, ou nas instalações prediais.
Não acredito na estatização, que somente agravará os defeitos atuais e eliminará as qualidades presentes.
"Não estudar significa parar no tempo, representa não exercer a profissão do advogado com vigor e a qualidade que dele se espera e se exige."
Olivar: Terceiro: o mercado imobiliário está cada vez mais especializado e complexo. Com ele, o mundo jurídico e tudo que o cerca. Na sua opinião, o Poder Judiciário está preparado tecnicamente para apreciar e julgar os tão complexos casos em que é instado a decidir? A esse respeito, seria a arbitragem uma solução, haja vista o conteúdo técnico envolvido (para assuntos sem relação de consumo)?
MT: Penso que sim. O Judiciário está aparelhado tecnicamente a julgar questões complexas, tanto quanto antes. Vejo a arbitragem como alternativa importante, mas, pessoalmente, com muitas ressalvas. Gostaria de que a decisão arbitral fosse passível de uma revisão por um segundo painel arbitral, talvez influenciado por uma frase do professor Gofredo, no salão nobre de nossas Arcadas e dentro de um outro contexto: justiça de instância única somente a divina.
Mais ainda: ser árbitro não pode ser uma profissão. Deve o árbitro manter sua atividade primitiva como primordial, trazendo para dentro da arbitragem suas contribuições e suas experiências de vida, não ficando somente na redoma do gabinete arbitral.
Olivar: Como advogado sócio de um escritório de sucesso, coordenando e liderando advogados e estagiários, o que você tem a dizer sobre a sua experiência ao longo dos anos para advogados mais jovens que o veem como referência?
MT: A advocacia está em constante mutação. Mas na essência a situação é a mesma, independentemente da tecnologia à disposição. Isto é, amor à profissão, ser advogado 24/7, respeitar o cliente, colocar o interesse do cliente à frente de seus interesses profissionais. O resto é fácil.
Olivar: Você completou 40 anos como advogado. No decorrer desse tempo, quais mudanças presenciou na profissão? O que você faz para se manter sempre atento às mudanças e às evoluções do mercado jurídico, inclusive em relação à tecnologia?
MT: Na realidade, em 2018 completarei 40 anos da conclusão do bacharelado em 1978. Mas, com o tempo do estágio, intenso como já referido, lá se vão mais de 44 anos de exercício diário da profissão. O impacto da tecnologia é profundo, mas sempre assim se deu. Imaginem um advogado antes do advento da máquina de escrever. Um advogado, como eu, que começou a trabalhar em máquina Remington manual, que migrou para uma elétrica, para um computador dos mais simples até os dias de hoje, que viu o advento do fax, etc. Não sou dos mais tecnológicos, mas sempre aberto a incentivar o uso das novas ferramentas por todos do escritório, ainda que com um íntimo medo das novidades.
O principal desafio não é o tecnológico. E sim as mudanças legislativas e a velocidade das comunicações. Tenho sempre presente o mandamento número 1 do jurista uruguaio Eduardo Couture: estudar.
Não estudar significa parar no tempo, representa não exercer a profissão do advogado com o vigor e a qualidade que dele se espera e se exige.
Olivar: Você é membro honorário do IBRADIM. O que espera do Instituto? Qual a importância de ter um instituto dedicado ao estudo, ao debate e ao aprofundamento de questões do mercado imobiliário, na sua visão?
MT: Para quem começou a trabalhar nos primeiros momentos do direito empresarial imobiliário, ter a felicidade de acompanhar o nascimento do IBRADIM é ver a concretização de um sonho acalentado em silêncio. Poderá o IBRADIM sinalizar uma nova etapa de geração de conhecimentos, de ideias, de ideais e de amizade.
Olivar: Por muitos anos, havia poucos advogados especializados em direito imobiliário. Hoje existem diversos, e boa parte deles foi você quem formou. Tem orgulho disso?
MT: Sim, sem dúvida. Tenho imenso orgulho de continuar uma obra iniciada por Nívio Terra, que, com sua imensa vontade de transmitir conhecimento, sempre se interessou em ensinar e formar profissionais na área da advocacia. Fui seu estagiário e discípulo (e sou até hoje). Creio, também, que meu exemplo de dedicação ao estudo e amor à advocacia serviram de inspiração a vários colegas que compartilharam ou ainda compartilham momentos dessa dedicação à advocacia e ao direito empresarial imobiliário.
Olivar: Voltando ao tema “formar advogados do mercado”, há 12 anos o Secovi-SP tem um curso de especialização em direito imobiliário empresarial idealizado por você. Conte a história do curso e se entende que o seu objetivo foi atingido.
MT: Na realidade, a ideia do curso é mais antiga, data de 1988, quando Arthur Parkinson formatou, no âmbito do Secovi-SP, o curso de Negócios Imobiliários e me convidou para coordenar o módulo jurídico da grade curricular ao lado de outras cinco matérias.
O aluno-alvo não era o advogado, embora muitos estudantes tivessem o bacharelado em direito.
Ao longo desses anos, muitos colegas me pediam dicas de cursos de direito empresarial imobiliário.
Assim, surgiu o curso de especialização dentro da UniSecovi, com sua grade curricular, seu horário de aulas e o mix de alunos. A motivação central desse curso: formar inteligência jurídica da ótica do negócio imobiliário.
O objetivo inicial foi atingido, sim. Mas estou constantemente insatisfeito e em busca de aprimoramento. Penso que muito poderia se aperfeiçoar.
Olivar: Após 21 anos, você cindiu a sociedade de advogados que mantinha e recentemente abriu as portas em outro local com boa parte dos sócios que já tinha. O que espera dessa nova fase?
MT: Após 20 anos de um profícuo trabalho conjunto, todos nós chegamos à conclusão de que seria necessária uma separação de atividades, o que se fez dentro da maior paz e do respeito mútuo que nos une, buscando de forma incessante a preservação da ética e consideração aos clientes, razão de ser do escritório.
A divisão da equipe se fez de forma natural, sem traumas, sem concorrência desleal. Certamente, um case para as faculdades de administração.
O que espero dessa nova fase? Que seja tão feliz quanto todas as demais. Aliás, passados cinco meses, essa convicção já se faz presente.
Olivar: Conhecendo o mercado imobiliário como conhece, por que não enveredou ao empreendedorismo, incorporando ou loteando tal qual os seus clientes?
MT: Primeiramente, como advogado 24/7, não sobra tempo para outra atividade negocial. Depois, não tenho tino empresarial. Em terceiro lugar, jamais almejei ser concorrente de meus clientes, pois sou depositário de informações confidenciais.
Olivar: Em quais áreas, além do direito imobiliário, você gostaria de atuar?
MT: Acredito que o direito não seja dividido em departamentos estanques. O advogado precisa ter uma visão interdisciplinar, sem perder de vista sua especialidade. Uma cidade como São Paulo não somente permite um alto grau de especialização, mas a exige dos profissionais de todas as áreas, inclusive do direito. O direito imobiliário é uma expressão ampla demais, abrangendo o direito civil puro, o direito processual civil, o imobiliário registral, o notarial, o ambiental, o urbanístico e tantos outros.
Olivar: Há quem diga que você amoleceu bastante e positivamente com a chegada de seus netos. Isso é verdade? O que mudou na sua vida? E na profissão?
MT: Sim, é verdade. Sempre tive o hábito de trabalhar um pouco aos sábados e às vezes aos domingos. Antes do nascimento de Guilherme, estando em São Paulo, ia até a Conselheiro Crispiniano. Com a chegada de Guilherme e Eduardo, mudei o hábito para levar trabalho para casa, o que faço até hoje, com enorme auxílio da tecnologia. Há muitos anos, minha biblioteca, da qual muito me orgulho, fica em casa, pois o tempo para leitura e estudo ou é à noite ou durante os fins de semana e feriados.
Hoje, quando estou trabalhando em casa, meus netos Vítor e Helena pedem para assistir a desenhos em meu computador. Nada mais gostoso, um neto em cada perna. Logo, logo, arrumarei espaço para Júlia.
A emoção de ter netos é realmente distinta. Quando se é pai, a juventude da ocasião nos faz crer sermos imortais. O momento perdido de hoje poderá ser recuperado no futuro. Quando se é avô, a sensação é totalmente diversa. Devemos aproveitar cada momento com essas criaturas meigas, inocentes, com seu sorriso, porque talvez não haja tanto futuro assim.
Carinhosamente chamo meus netinhos de “perda de tempo 1, 2 e 3”. Na realidade, um amor que se traduz em cada gesto, em cada palavra, em cada momento, em cada sorriso.